23.6.08

cidade sem sol

No limite seguro da Cidade Sem Sol era onde Isadora morava. Era meu abastecedor. Minha entidade mantedora, minha madre superiora. Ensinava-me de amor mais que todas as outras pessoas juntas. Era simplesmente uma bruxa ou algo assim. Ela me olhava e eu fazia o que quisesse. Seus ritos de amores e drogas. Suas bebidas exóticas, sua dança suntuosa, seus gestos incalculáveis. Seus lábios de labirintos abertos. Era a coisa mais honesta que vivi em toda minha vida. Nem uma palavra prometida. Poucas palavras trocadas. Éramos duas pessoas cientes do fim do mundo próximo, cientes que não seríamos da turma dos escolhidos. Nos divertiríamos até no inferno, talvez. A casa de Isadora pertencia a muitos. O perigo apenas desfila modestamente como uma foto inofensiva em uma cômoda. Perigo era viver. Viver sem passar pela coisas, sem tê-las experimentado. Já era tenebroso todo aquele ritual orgiástico ao deus grana, vender até a capacidade de sonhar, para poder transformar os sonhos em sonhos de consumo. Eles dão preços aos sonhos aqui na Cidade Sem Sol. Nunca vi lugar tão perigoso para viver.

Um comentário:

Anônimo disse...

linnnndo texto.
vc voltou com toda!!

cidade sem sol é um inferno tão próximo.

é um inferno cotidiano.