4.4.07

Manifesto de auto-depreciação III

o muro de pé e eu caido. a visão, opressora, assusta, mas: "sua chance de reconstruir-se". a chance, sim, trabalhemos com possibilidades agora. não, não posso cair na tentação de sistematizar, teorizar, formular teses. merda, está começando de novo. "chance": prenda-se a esta palavra, sim, chance, tem uma chance. a minha chance. esqueça o verbo reconstruir, que é derivado de construir e lembra o muro. lembre-se de chance. não soa muito bem mas lembra chave. nem sei de que tenho chance, nem quero saber, quero esquecer, quero a chance. pego-a pelo braço, forço um beijo, ela cede, tenho sede, quero mais, mais que isso, posiciono-me na sua frente, não deixo escapar, aperto-a, machuco-a, levanto sua saia rápido, sem jeito ou respeito, violentamente, choro, pareço querer voltar de onde vim, não paro nem quando me enojo de mim mesmo, é minha chance, faço o que nem sei se quero, me emporcalho, muito perto da natureza humana, reviro-a, de um lado, de outro, já não resiste, mas ainda está distante, retomo o ritmo, entorno a vida, agora sim ela me marca sem resistir, minhas costas retalhadas, peço para que ponha sal, vinagre, pimenta, qualquer coisa que doa mais do que posso suportar, a responsabilidade é minha, quero isto para sempre, choro como se lembrasse da coisa mais inconsciente da minha primeira meia vida, choro até não ter o que sair, vomito depois, urino e defeco, tudo sai de mim, eu saio de mim, choro como se tivesse visto, enfim, o monstro do armário, que eventualmente se escondia debaixo da cama, era eu que me assustava, o pavor de ser o adulto que me formei, e todos os outros caminhos me foram negados e eis-me aqui, violentando minha (minha) chance por ter chegado tão tarde, AAAAAHHHHHH, me engasgo com meu grito, com meu vômito, lágrimas, mijo, merda e todo o resto, sangue ainda não, até por que não mais, estou exangue, não tenho uma gota, escorreu tudo pelos pulsos, encheu meu banheiro, sujou meus tornozelos e depois, cansaço imenso, minha bunda, costas, cabeça, braços, tudo... consciente... inconsciente.
chance, sim, não esqueça dela. tá na hora d'ela ter mais, não igual, pior,
post de 2-11-06

7 comentários:

Ana M disse...

fiquei aqui pensando se, realmente, existem chances. não posso negar a existência de circunstâncias, mas me veio uma ponta de dúvida que, meio baixinho, me perguntou se nossas chances não seremos nós mesmos. quero dizer, se não existir o eu pronto, talvez, também, não exista chance. foi só um vento que passou. não sei se me fiz entender e, também, nem eu sei se me entendi bem agora. me lembrei do título de um livro do Freud: "Recordar, repetir ou elaborar". acho que pela data em que vc escreveu isso. pensei qual seria o motivo para seus manifestos estarem aqui, hj. se voltou a sentir igual ou se sempre sentiu assim. mas, seja como for está aqui. repete-se. ixi, fui muito pessimista agora. já parei. acho nem devia ter dito nada. já sentiu isso? que não devia ter dito nada? tô sentindo agora. seja como for, bisou.

Ana M disse...

é, na verdade a Maria não tem culpa. ela só tem um grande medo. aí, tenta se completar com coisas pra que não sinta falta de amor. já disse a ela que não é assim. vamos ver, quem sabe aprenda.
bisou

Anônimo disse...

Cada linha grita, corta, mancha, rasga; transforma dor em beleza. nos vomitamos todos os lixos, e logo depois ingerimos o desnecessário.

li todos os post que perdi, amei-os (:

cuide-se e boa páscoa =**.

Anônimo disse...

Que bonito, qual o nome da musica? fiquei curiosa, rss.
o para sempre é incerto e me dá medo. e foi bonito o que voce disse sobre o sf, fico feliz em saber que alguem gosta dele (:
beijos moço exagerado, =**.

Anônimo disse...

Que bosta. não achei essa música:( vou baixar o album mais tarde ://// ouvir essa musica ta na lista de desejos poisonisticos hahaha =X

e é muito querido o que voce disse sobre o sf - mesmo sendo um exagero, rs. gosto muito do versus, irei voltar aqui sempre pra nao perder nenhuma correnteza, abismo, humanidade ou manifesto e depois ter que ler tudo de uma vez e tentar amazenar ;~

beijo =**.

Ana M disse...

então, vão lá as letras que me pediu:

"Sem você as emoções de hoje são como a pele morta das emoções de outrora" (Hipólito).


"Canção (A alma em flor)"

Se nada tem a me dizer
por que vir junto de mim?
por que me faz este sorriso
que virará a cabeça do rei?
se nada tem a me dizer
por que vir junto de mim?

Se nada tem a me ensinar
por que me apertar a mão?
num sonho angélico e terno
que você sonhou a caminho
Se nada tem a me ensinar
por que me aperta a mão?

Se deseja que eu me vá,
por que passa por aqui?
Quando te vejo, eu estremeço:
é minha alegria e minha contrariedade
Se deseja que eu me vá,
por que passa por aqui
(Victor Hugo)


"não me peça razões"

não me peça razões, porque não as tenho
ou eu as darei tanto quanto você quiser: nós sabemos
que as razões são palavras, todas nascem
da doce hipocrisia que aprendemos

não me peça razões para entender
a força da maré que me invade o peito
este mal está no mundo e esta lei:
eu não fiz a lei e o mundo eu não o aceito

não me peça razões, ou as desculpas,
desta maneira de amar e de destruir
quando a noite é demasiada se levanta
a cor da primavera que deve chegar
(Saramago)


Quanto ao comentário na casa da Nina, tenho mesmo meu desencanto pelo vida; a carrego, às vezes. mas como já disseram, também trago em mim todos os sonhos do mundo.
bisou

Anônimo disse...

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