3.4.07

Manifesto de auto-depreciação II

quem estava alí, desmoronando, agora, era eu. "sua chance de reconstruir-se", a única coisa que ouvi. meia vida depois percebi: esta foi a única coisa que ouvi. estivera surdo? louco? não é posível esta ser a única coisa que ouvi em meia vida. me achava tão esperto, tão ingênuo. tudo apagado. agora: "sua chance de reconstruir-se". lembraria disto, sem dúvida, mas, e de todo o resto? as sensações até ficavam, rostos, até momentos, alguns. palavras, nenhuma. nem uma. sei que tinha um livro, uma tese e que, ah sim, vozes. ouvia vozes e fazia teses, era isso. era isso que eu era, uma sobra de pensamentos. obscureceram-me, deixei que isto acontecesse. como alguém poderia entender? e era exatamente isso que mais doia: ninguém, e se eu escrevesse ninguém seis bilhões de vezes estaria sendo exato, entendia.


post de 1-11-06

Um comentário:

Ana M disse...

ia te perguntar pelo segundo manifesto. tive a impressão de que teria uma continuação.

ninguém. infelizmente, às vezes, isso é tudo.

bisou