28.3.07

correnteza arrastando tudo em volta...

a busca envolvia o tato, e tateando mapeei o caminho a se seguir, e ele era torto. determinei limites e fronteiras e elas eram falhas. desenhei possíveis rotas de fuga e elas eram inúteis. o mapa, no corpo descoberto e desenhado, só mostrava o que não servia. fui tolo, muito tolo, pois só tarde percebi que isto era tudo que importava: cuidar do que dispensa cuidado.
estava, deveras, cansado de estar armado até os dentes e à frente de um exército de mim mesmo. aquela corda bamba onde me equilibrava parecia querer brincar comigo, não para derrubar-me, mas para o deleite de ver-me em constante exercício. alerta, sempre alerta. embranquecendo meus cabelos em câmera lenta e a olhos vistos. tinha a sensação nítida, enquanto tentava mudar o mundo, de que estava apenas deixando-me ser levado, e a correnteza arrastando tudo em volta. cuidadosamente destrutiva.

Um comentário:

Ana M disse...

adoro esses seus textos. fico imaginando o que foi vivido pra ter sido sentido desse jeito.

quanto ao que disse sobre a solidão, você a acha estranha?, como assim? eu a sinto tão familiar. ela parece sempre estar entre eu e os outros. quase sempre, vai. exagero, às vezes.

é, acho todas as letras sangram. mas, as pessoas nem sempre entendem as vidas de alguns. como se as maiúsculas apenas chorassem por capricho, ou algo assim. bom, escrevi muito. bisou.