1.11.06

Manifesto de auto-depreciação II

Quem estava alí, desmoronando, agora, era eu. "Sua chance de reconstruir-se", a única coisa que ouvi. Meia vida depois percebi: esta foi a única coisa que ouvi. Estivera surdo? louco? Não é posível esta ser a única coisa que ouvi em meia vida. Me achava tão esperto, tão ingênuo. Tudo apagado. Agora: "sua chance de reconstruir-se". Lembraria disto, sem dúvida, mas, e de todo o resto? As sensações até ficavam, rostos, até momentos, alguns. Palavras, nenhuma. Nem uma. Sei que tinha um livro, uma tese e que, ah sim, vozes. Ouvia vozes e fazia teses, era isso. Era isso que eu era, uma sobra de pensamentos. Obscureceram-me, deixei que isto acontecesse. Como alguém poderia entender? E era exatamente isso que mais doia. Ninguém, e se eu escrevesse ninguém seis bilhões de vezes estaria sendo exato, entendia.

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