2.1.09

Ela desviou o olhar, era assim sempre que estava com os dentes apertados
Eu abaixei, da última vez tive que desviar de objetos voadores
Até que Evelin entrou com uma cumbuca na mão pedindo esmola
E gritando: eu acredito na maximização dos lucros.
Arrancando aplausos de uma extirpe bem particular de gente

Só deu tempo de coçar a cabeça e ter que apagar Ítalo, seu irmão mais novo,
Com um soco no meio de sua fuça
Ela e Evelin tiveram ganas de quebrar conjunturas astrais
E me jogar para o limbo de onde estavam acostumadas
Ei, ei, calma aí, mocinhas, a vida às vezes simplesmente não te deixa em paz
Eu disse
No que elas concordaram positivamente abanando as cabeças
Então, pera lá, que diabos você está fazendo com a camisa do Che Guevara?
Cutucou-me Evelin, de saco cheio, quer dizer, vazio, por que ninguém
Dera-lhe moedas perdidas nos bolsos das calças

Pro inferno com sua guitarra mal tocada, estou cansada de você
Os dentes apertados e desviando o olhar e plantando minas terrestres
Em terrenos baldios de subúrbios

Eu desisto, eu desisto, eu disse, enquanto apenas via à distância
Evelin contando trocados pra mais uma dose de crédito avulso
Ela esfrega as moedas pelo corpo e sente arrepios lhe correr a espinha
Apenas eu acho isso um espetáculo deplorável

Devia ser aniversário de alguém, aquela porra que estavam cantando
Era parabéns pra você
Eu não posso atrapalhar uma festa de aniversário, eu pensei comigo
Cochichei em seu ouvido, eu nunca mais olharei em seus olhos
E joguei uma moedinha com toda minha força em direção à Evelin
Eu na esperança de lhe acertar em cheio e ela pega a moeda no ar
E acena agradecidamente
Eu sou mesmo um desastre, eu penso desanimado
Meu amor, agora longe, apenas dissimula uma ou duas lágrimas ocasionais
De repente, o trafego envolve a todos como um castigo divino
E a chuva ondula sons que eu jamais esquecerei

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