9.6.07

se te mostrasse o quarto onde fiquei preso todo esse tempo...não tinha porta, nada que impedisse minha fuga. de fato não tinha guardas. as telhas, acima, eram de um material muito frágil. as paredes mesmo, mal resistiriam à investidas mais violentas ou obstinadas de meus punhos. nelas, nas paredes, escrevi toda a minha história, e quando acabaram as tintas de todas as canetas, eu queimava o que sobrava e usava como carvão. todas as datas, nomes, crenças e mesquinharias, nada escapou. só que aos poucos, as paredes lotaram daqueles escritos mal acabados e sem ordem. restou-me o chão. até que comecei a escrever em mim mesmo, em meu próprio corpo. e depois, já sem ajuda de mais nada, comecei a escrever em minha memória. e alí eu poderia supor todo um salão gigantesco com toda seu imensidão de paredes e colunas e mesmo alí foram restando apenas brechas. foi quando comecei a me dar conta que mal estava deixando espaço para algo que pudesse vir a acontecer. e pra falar a verdade, sim, sou bem acostumado à ela, já consigo olhar fixamente praquela porta aberta e imaginar a hora de sair. deixo naquele imenso salão uma pequena coluna que se ergue até onde consigo alcançar, guardo um pedaço imaginário de carvão e uma vontade imensa de parar de me esconder.

Um comentário:

Anônimo disse...

impossivel ninguem ter comentado este texto,muito foda, parabens putinha relaxada!
giga