22.4.07

não me deixe ir pra longe, onde o meu olhar se esconde.

Como recompensa pelos cigarros de maconha que lhe dei, num ato involuntário de generosidade, Júlio leu-me partes do Livro do Desassossego. Tivesse eu lido isto antes e agora não conseguiria nem escrever uma lista de compras, pois o meu nome, este já não consigo escrever faz tempo. Ah! eu que sempre quis a generosidade das coisas esquecidas me acuso de fascista quando não lembro o nome dos outros. Decidi renunciar do meu.
Foi minha vocação para amenizar dores que me aproximou de Martha e depois de Júlio. Em comum, eles tinham a tendência de incendiar estrelas. Curioso o vício do destino ou a roda do acaso, de repente, estávamos presos no mesmo círculo de giz que não protege, só isola. E a busca por respostas sempre nos levava a mundos distantes, onde os olhares se escondem.

3 comentários:

peka disse...

A busca por respostas... Conheço isso em nós... muito nos seus olhos, que as vezes tento tirar de um finito vazio, sempre tentando fazer com que não se perca e pedindo pra que me ajude a não me perder... Lembro de nós, lendo juntos Carlos Drummond de Andrade, olhos vermelhos de saudade... momentos que sempre voltam pra sabermos em quais amigos vamos nos vestir! Sei que tenho um pouquinho dessa Martha, e me orgulho tanto de estar perto de ti...de podermos ter esses papos loucos que me fazem ser mais eu e vcs ao mesmo tempo... de ser...

Ana M disse...

me deu um certo alento o que disse no apto; pensei era a única a não entender algumas coisas que escreve, me achando meio burrinha, entendes? bisou.

Anônimo disse...

thiago, não conheço esse conto da clarice, mas vou procurar, obrigada pela dica. estou aqui às voltas com esse labirinto que é o perambular entre memórias. o passado muda o presente o tempo todo, sobretudo quando é revisitado. um beijo.