16.11.06

pacto autobiográfico explícito

nunca adiantaram muito estas tentativas.
disfarçar frustrações, controlar ímpetos...
desrespeitei meu limite uma vez, foi o suficiente para hoje
não saber viver em nenhum outro lugar.
deito toda noite em paradoxos,
me visto com contratempos diariamente,
meus óculos cuidam de me mostrar o ímpar.
calço, como a uma sandália de vidros picados, a tênue história de tudo.
desrespeito o impróprio movimento das paixões compartilhadas.
compartilho, isso mesmo, o cuidado em ser mal compreendido
tenho um pouco de tudo isso e isso de nada, tampouco posso,
nobremente, impulsionar trajetórias e narrativas.
talvez nada me salve deste irresponsável e duradouro
e vertiginoso niilismo.
isso é ontológico e absurdamente existencial.
contornar trilhos incontornáveis, desviar rotas indesviáveis.
pôr fogo, pôr pra fuder tudo que valha a pena.
preciso perder tudo que ganhei: este é o preço de voltar a ganhar.
nunca pensei que escreveria isso.

Nenhum comentário: