17.6.07

eu era um lobisomen juvenil

júlio- então é março novamente?

eu - sim...com todas aquelas chuvas imaginárias, com aquelas promessas de apocalipses definitivos, tentativas imaginárias de suicídio. sempre perdendo o caminho de volta pra casa.

júlio- mas então...tudo de novo? março em meados de junho?

eu - sim...com meu próprio calendário particular, lembrando-me todo aquele pesadelo que me soterrou e do qual ainda hoje retiro a poeira dos ombros.

júlio- pois bem, meça tuas palavras, retorne à tua ítaca. pare com esta vocação de sísifo.

11.6.07

pluto

Desculpe
Mas vou ter que
Explodir
Explodir esse corpo
Me desligar

Eu ficarei novinho em folha
Novinho pro amanhã
Um pouco cansado
Mas novinho em folha


bjork

9.6.07

se te mostrasse o quarto onde fiquei preso todo esse tempo...não tinha porta, nada que impedisse minha fuga. de fato não tinha guardas. as telhas, acima, eram de um material muito frágil. as paredes mesmo, mal resistiriam à investidas mais violentas ou obstinadas de meus punhos. nelas, nas paredes, escrevi toda a minha história, e quando acabaram as tintas de todas as canetas, eu queimava o que sobrava e usava como carvão. todas as datas, nomes, crenças e mesquinharias, nada escapou. só que aos poucos, as paredes lotaram daqueles escritos mal acabados e sem ordem. restou-me o chão. até que comecei a escrever em mim mesmo, em meu próprio corpo. e depois, já sem ajuda de mais nada, comecei a escrever em minha memória. e alí eu poderia supor todo um salão gigantesco com toda seu imensidão de paredes e colunas e mesmo alí foram restando apenas brechas. foi quando comecei a me dar conta que mal estava deixando espaço para algo que pudesse vir a acontecer. e pra falar a verdade, sim, sou bem acostumado à ela, já consigo olhar fixamente praquela porta aberta e imaginar a hora de sair. deixo naquele imenso salão uma pequena coluna que se ergue até onde consigo alcançar, guardo um pedaço imaginário de carvão e uma vontade imensa de parar de me esconder.

4.6.07

fragmentos de 1 dia extenso

perdoa a fúria do meu sonho.
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fumo embaixo do chuveiro.
cigarro molhado, isso que sou.
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estava eu tentando, mais uma vez, dizer o que sou...
pro espelho, pra uma nova amiga, pro remédio,
pro copo, pro cigarro...
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se a gasolina acabar, eu morro.
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eu queria pelo menos um dia, e para mim já seria o suficiente, no qual eu
pudesse/conseguisse dizer como me sinto.
seria o meu dia trinfal.
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amo essa confusão. que realmente seria legal se não acabasse comigo.